Nosso Canal

sexta-feira, 26 de agosto de 2016

Momento Cultural - Maria Matrem


Maria Matrem. Libre Vermell de Montserrat (sec. XIV)



Concerto "A História da Música - Do Gregoriano ao Barroco" realizado no Mosteiro de São Bento de São Paulo em 11-12-2015. Participação do Coro Gregoriano Exultet, Camerata Santa Cecília e Flammula Chorus.

sexta-feira, 19 de agosto de 2016

A vida se manifestou em nossa carne


Dos Tratados sobre a Primeira Carta de São João, de Santo Agostinho, bispo

(Tract. 1,1.3: PL 35, 1978.1980)

(Séc. V)


O que era desde o princípio, o que nós ouvimos, o que vimos com os nossos olhos e as nossas mãos tocaram da Palavra da Vida (1Jo 1,1). Quem poderia tocar a Palavra com suas mãos, a não ser porque a Palavra se fez carne e habitou entre nós? (Jo 1,14).
 
A Palavra que se fez carne para ser tocada com as mãos, começou a ser carne no seio da Virgem Maria; mas não foi então que a Palavra começou a existir porque, diz João, ela era desde o princípio. Vede como sua Carta é confirmada pelas palavras do seu Evangelho, que acabais de escutar: No princípio era a Palavra, e a Palavra estava junto de Deus (Jo 1,1).


Alguns talvez julguem que a expressão Palavra da Vida designe de modo geral a Cristo e não o próprio Corpo de Cristo que foi tocado pelas mãos. Reparai no que vem em seguida: E a Vida manifestou-se (1Jo 1,2). Por conseguinte, Cristo é a Palavra da Vida.


E como se manifestou esta Vida? Ela existia desde o início, mas não tinha se manifestado aos homens; manifestara-se aos anjos que a contemplavam e se alimentavam dela como de seu pão. E o que diz a Escritura? O homem se nutriu do pão dos anjos (Sl 77,25).


Portanto, a Vida se manifestou na carne, para que, nesta manifestação, aquilo que só o coração podia ver, fosse visto também com os olhos, e desta forma curasse os corações. De fato, o Verbo só pode ser visto com o coração, ao passo que a carne pode ser vista também com os olhos corporais. Éramos capazes de ver a carne, mas não éramos capazes de ver a Palavra. Por isso, a Palavra se fez carne que nós podemos ver, para curar em nós o que nos torna capazes de vê-la.


E somos testemunhas, diz João, e vos anunciamos a Vida eterna, que estava junto do Pai e que se tornou visível para nós (1Jo 1,2), isto é, que se manifestou entre nós ou, falando mais claramente, nos foi manifestada.


Isso que vimos e ouvimos, nós vos anunciamos (1Jo 1,3). Prestai atenção: Isso que vimos e ouvimos, nós vos anunciamos. Eles viram o próprio Senhor presente na carne, ouviram da boca do Senhor suas palavras e no-las anunciaram. E nós ouvimos certamente, mas não vimos.


Somos, por isso, menos felizes do que eles que viram e ouviram? Por que então acrescenta: Para que estejais em comunhão conosco? (1Jo 1,3). Eles viram, nós não vimos e, contudo, estamos em comunhão com eles porque temos uma fé comum.


E a nossa comunhão é com o Pai e com seu Filho, Jesus Cristo. Nós vos escrevemos estas coisas, diz João, para que a vossa alegria fique completa (1Jo 1,4). Essa alegria completa encontra-se na mesma comunhão, na mesma caridade, na mesma unidade.

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sexta-feira, 12 de agosto de 2016

Por que choras, Menino bom?


Por São João de Ávila, sermão de Natal.
Pregado no dia de Santo Estevão (26 de dezembro)

O Menino chora na estreiteza do estábulo. Por que choras, Menino bom? Estará aqui presente algum grande pecador que trema quando Deus lhe disser: - "Onde estás?"? Que grande mal tê-lo ofendido muito, lembrar-se de vinte anos de grandes ofensas! Que resposta darás quando Deus te interpelar? 

Assim como tu tremes, tremiam os irmãos de José quando este lhes disse: "Eu sou José, vosso irmão, que vós vendestes (Gên 45, 4). E eles pensaram: "Infelizes de nós! Ele agora é Rei. Há de querer matar-nos, tem motivos e pode fazê-lo". Tremiam. É o pecador que treme por ter ofendido a Deus. Ofendestes a Deus e por isso tendes razão em tremer. Convido os que estão em erro, os que têm a consciência pesada e os grandes pecadores a ir até à manjedoura ver o Menino chorar. 

Por que chorais, Senhor? Os irmãos daquele José não ousavam aproximar-se dele, até que o viram chorar: "Eu sou vosso irmão, aproximai-vos, não tenhais medo. José levanta a voz, chora e, não contente com isso, conforme diz a Sagrada Escritura, beijou em seguida a cada um dos seus irmãos, chorando com todos eles (Gên 45, 15), e os irmãos pediram-lhe perdão. - "Não tenhais receio (Gên 45, 5)" - dizia-lhes ele -, "vendestes-me por maldade, mas, seu não tivesse vindo para cá, todos morreríeis de fome. Deus tira dos males o bem".

Menino, por que chorais? - "Para que os pecadores compreendam que, embora tenham pecado, devem aproximar-se de Mim sem temor, se se arrependerem de ter-Me ofendido". O Menino chora de ternura e amor. Bendito Menino! Quem Vos colocou nessa manjedoura senão o amor que tendes por mim? Fomos maus e ingratos, como contra o nosso irmão José. Vendemo-lO. Um disse: - "Prefiro cometer uma maldade a ficar com Cristo". Outro disse: - "Prefiro um prazer da carne a Ele". Vendemos o nosso Irmão, traí-mo-lO.

E José, o santo, convida-nos a aproximar-nos da manjedoura e a ouvir esse choro causado por cada um de nós. Se olhásseis para esse Menino com os olhos limpos, se adentrásseis na Sua alma, encontraríeis uma inscrição que vos diria: "Estou chorando por ti", pois desde a concepção Ele teve conhecimento divino e conhecia todos os nosso pecados e chorava por eles. E se está chorando pelos nossos pecados, que pecador não sentirá confiança, se quiser corrigir-se? Há algo no mundo que inspire mais confiança do que ver Cristo numa manjedoura, chorando pelos nossos pecados? 

Por que chorais? Que fazeis, Senhor? - "Começo a fazer penitência pelo que tu fizeste". Pois bem, que fará um cristão que olhe com olhos de fé para Cristo que chora pelos seus pecados? Ai de mim, porque tarde Vos conheci, Senhor! Ai de mim por tantos anos perdidos sem Vos conhecer! Quem se deixará dominar pela tibieza ao ver Deus humanado chorar? 

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sexta-feira, 5 de agosto de 2016

Uma ótima novidade - 5ª Oficina de Canto Gregoriano


Não recebe a coroa senão quem combate segundo as regras

Das cartas de São Tomás Becket, bispo
(Epist. 74: PL 190, 533-536) (Sec. XII)

Se nos preocupamos por ser o que devemos ser e queremos conhecer o significado do nosso nome – bispos e pontífices – temos necessidade de considerar e imitar com solicitude as pegadas d’Aquele que, constituído por Deus sumo sacerdote eterno, Se ofereceu por nós ao Pai no altar da cruz, e que do alto do Céu observa atentamente todas as nossas obras e intenções, para dar a cada um o que merecemos.

Nós fazemos as suas vezes na terra, conseguimos a glória do nome e a honra da dignidade e possuímos temporalmente o fruto dos trabalhos espirituais; sucedemos aos Apóstolos e aos varões apostólicos na mais alta responsabilidade das Igrejas, para que por meio do nosso ministério seja destruído o poder do pecado e da morte e para que a casa de Cristo, edificada na fé e no progresso das virtudes, cresça até formar um templo santo no Senhor.

É certamente grande o número dos bispos. No dia da nossa consagração prometemos ser solícitos e diligentes no dever de ensinar e governar, assim o professamos cada dia com as nossas palavras; queira Deus que a fidelidade prometida se confirme pelo testemunho das obras. A messe é abundante; e para a ceifar e armazenar no celeiro do Senhor não bastaria nem um nem poucos bispos.

Quem se atreve a duvidar que a Igreja de Roma é a cabeça de todas as Igrejas e a fonte da doutrina católica? Quem ignora que as chaves do reino dos Céus foram entregues a Pedro? Porventura não é verdade que a estrutura de toda a Igreja se edifica sobre a fé e a doutrina de Pedro, até que cheguemos todos ao estado de homem perfeito, na unidade da fé e no conhecimento do Filho de Deus?

É preciso que sejam muitos os que plantam, muitos os que regam, porque o progresso da pregação e o crescimento dos povos o exigem. Se o povo do Antigo Testamento, que tinha um só altar, precisava de muitos servidores, com maior razão agora, com a afluência inumerável dos gentios, – a quem, para suas oferendas não bastaria toda a madeira do Líbano, e para seus holocaustos não chegariam todos os animais do Líbano e nem sequer os animais de toda a Judeia, – serão necessários muitos ministros.

Seja quem for o que planta e o que rega, Deus não dá o crescimento senão àquele que planta e rega sobre a fé de Pedro e segue a sua doutrina.

É Pedro quem há-de pronunciar-se sobre as causas mais graves, que devem ser examinadas pelo Pontífice Romano e pelos magistrados da santa mãe Igreja por ele designados, pois enquanto participam da sua solicitude exercem o poder que ele lhes confia.

Recordai, finalmente, como se salvaram os nossos pais, de que modo e em meio de quantas tribulações foi crescendo a Igreja; de quantas tempestades saiu incólume a barca de Pedro que tem Cristo como timoneiro; como os nossos antepassados receberam a sua recompensa e como a sua fé se mostrou mais brilhante no meio da tribulação.

Este foi o destino de todos os Santos, para que se cumpra aquela palavra: não recebe a coroa senão quem combate segundo as regras.