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segunda-feira, 17 de março de 2014

A nova forma de perseguição anticristã no Ocidente

Cientistas discriminados pela sua pertença, Bispos denunciados porque são contra o aborto, livros e rádio censurados: eis um mapa dos ataques à “liberdade religiosa”.


Aquilo que parecia simplesmente inconcebível está a acontecer. No mundo ocidental, estão a nascer confrontos contra os cristãos - em particular os católicos e os protestantes menos "secularizados" - com novas formas de discriminação, quando não mesmo, de perseguição. Basta ler algumas notícias recentes para encontrar sinais claros nesta direção. 

Um exemplo. Margaret Somerville, uma famosa e experiente acadêmica do Canadá, escreveu um editorial sobre "The Globe and Mail", onde denuncia o fato que, cada vez mais, no debate público, as suas ideias são postas de lados simplesmente porque é católica. Margaret Somerville é fundadora e diretora do "McGill Centre for Medicine, Ethics and Law" e ensina na McGill, uma das principais universidades americanas. "Estive presente no debate público mais de trinta anos e apresentei análises éticas e legais sobre os problemas que trato e em momento algum fui atacada pela minha pertença religiosa. Então, porque surge agora esta apressada necessidade de me rotular como católica?". Segundo a estudiosa, "definir uma pessoa como religiosa é, agora, altamente depreciativo. Esta estratégia permite eliminar os argumentos do adversário sem entrar na substância do assunto". Conta ainda que tornou-se recorrente algumas importantes revistas mundiais de medicina, "de maneira surpreendente e incompreensível", pedirem aos autores dos artigos para declararem a sua "filiação religiosa".

Em direção análoga, nos Estados Unidos, temos a promulgação da ENDA (Employment Non-Discrimination Act, ndr), a lei que queria, em teoria, impedir a discriminação nos postos de trabalho em geral. É, porém, na realidade, uma das maiores formas de difusão da ideologia de gênero, bem como da limitação da liberdade daqueles que a ela se opõem. E, afirmam os Bispos americanos, limita também a liberdade religiosa. Bispos esses que foram denunciados junto dos tribunais - por uma associação que diz defender a liberdade individual - com o argumento que "as posições anti-aborto põe em risco a vida das mulheres grávidas".
Os exemplos deste tipo poderiam continuar. Não menos importante é o caso de Constanza Miriano. Em Espanha, a publicação do seu livro "Sposati e sii sottomessa" deu origem ao primeiro pedido de censura editorial desde os tempos do regime de Franco (este livro, envolto em polemicas, na Itália e Espanha, pelo seu título - inspirado na frase de S. Paulo, "As mulheres sejam submissas aos maridos, como ao Senhor", Ef. 5, 22 - ainda não foi editado em Portugal).

Há dias, na Universidade Urbaniana de Roma, Paul Marshall, expoente do Center for Religious Freedom do Hudson Institute, disse: "a secularização ocidental tem vindo a crescer nos últimos decênios. Permitam-me sublinhar que os modelos de que estamos a falar não são semelhantes aos do mundo comunista ainda existente, ou do Médio Oriente. Não se trata de uma perseguição nesse sentido, mas está a tornar-se muito preocupante."

"São correntes muito minuciosas - continuou Marshall - e penso que temos de nos tornar mais conscientes dos ataques e discriminações no emprego, na capacidade de exprimir o que pensamos, ou da possibilidade de viver a própria fé. As coisas estão, realmente, a piorar no Ocidente."

Marshall citou alguns exemplos já conhecidos, como o da inglesa que foi despedida por usar um fio com um crucifixo. Referiu, também, um estudo da Pew Forum - uma entidade de grande prestígio em estatística - onde se considera que "o grau de hostilidade religiosa na Europa ocidental é tão alta como no Médio Oriente".
Ainda há umas semanas um tribunal inglês proibiu uma rádio cristã de publicar um anúncio que convidava os cristão discriminados no emprego a contarem a sua história. O pretexto do tribunal é que se tratava de um anúncio de propaganda política.

Em vez de uma sociedade aberta, onde os laicos são livres, os cristãos são livres, e os hindus são livres, a mais recente versão de sociedade secularizada, segundo Marshall, é aquela "onde o Estado encarna uma ideologia particular e pede que cada um se adapte a ela". Trata-se de uma mudança de uma "sociedade pluralista para uma sociedade ideologicamente secularizada. E isto é preocupante." 

Marco Tosati in Vatican Insider

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