Nosso Canal

terça-feira, 26 de março de 2013

A pobreza de São Francisco muitas vezes é mal interpretada, explica sacerdote norte-americano


DENVER, 25 Mar. 13 / 12:44 pm (ACI/EWTN Noticias).- A preocupação  de São Francisco de Assis com a pobreza era secundária em sua vida e resultou da sua confiança absoluta no amor por Deus, explicou o padre Dominicano Augustine Thompson ao grupo ACI no dia 21 de março.

"A imagem usual de Francisco e de pobreza está desvirtuada ... a pobreza é importante, mas é secundária para Francisco, que vivia a dependência absoluta de Deus," disse o sacerdote em Berekeley, estado da Califórnia, EUA.

Segundo o dominicano, enquanto muitos associam o santo do século 13 com a pobreza, ele mesmo escreveu pouco sobre isso, e quando o fez, estava apontando para a humildade que vemos na Encarnação e morte de Cristo.

"A única vez que ele fala sobre a pobreza em si - ele menciona muito raramente em seus próprios escritos - ele oferece como o exemplo perfeito de pobreza o fato que a segunda pessoa da Santíssima Trindade se tornou um ser humano e assumiu a humildade da condição humana, e então se ofereceu na cruz, e oferece seu corpo para nós na Eucaristia".

"A Eucaristia e a pobreza de São Francisco são duas partes de uma mesma coisa", disse o padre Thompson, autor do livro: "Francisco de Assis: Uma Nova Biografia" lançado em 2012.

Embora dedicado ao serviço aos mais pobres dos pobres, São Francisco também "vê a Eucaristia como digna do máximo respeito, como ele próprio disse: o maior ato de humildade e pobreza é quando Deus se dá como alimento para as pessoas comuns."

Assim, o santo "tinha opiniões muito fortes" sobre "a celebração adequada" da missa, e também "estava preocupado que os cálices, corporais e panos de altar fossem adequados e bonitos."

Antes de ver-se ofendido pelo uso de materiais preciosos na celebração  da Missa e adoração da Eucaristia, São Francisco, na verdade, queria garantir que seus frades tivessem vasos litúrgicos de prata para oferecer aos sacerdotes "que não tivessem coisas mais adequadas para manter a Eucaristia dentro".

Pe. Thompson explicou que "não há evidências em nenhum lugar dos primeiros escritos sobre Francisco, ou em qualquer um de seus próprios escritos, que ele foi criticado pelo papado por ter grandes edifícios, por exemplo. Suas ideias sobre a pobreza não são políticas nesse sentido, e elas são muitas vezes representadas desta maneira hoje em dia".

Foi neste contexto que o padre Thompson explicou como ele entendeu comentário do Papa Francisco aos representantes da mídia no dia 16 março, dizendo: "como eu gostaria de uma Igreja pobre  para os pobres."

"Eu acho que é sua brilhante opinião sobre o título de "servus servorum Dei".

Este título atribuído aos Papas - geralmente traduzido como "servo dos servos de Deus" - originou-se com São Gregório Magno, em torno do ano 600. Padre Thompson acrescenta ainda que a melhor tradução de "servus" é o termo mais radical "escravo".

"O escravo é o mais pobre, é o mais baixo que se pode chegar, e os cristãos, não se importam com os seus recursos materiais, pois são chamados a ser, em última análise, escravos de Deus. São Paulo diz isso, que a liberdade vem de ser um escravo de Cristo", declarou.

"É assim que eu acho que o Papa Francisco entende a pobreza, e ele quer ser escravo dos escravos de Deus. Ele está usando o estilo de linguagem- franciscana, mas eu acho que é apenas um brilho sobre a forma como ele entende um dos títulos papais".

"Eu não acho que isso signifique coisas do tipo: ‘ele vai vender as coleções de arte do Vaticano’, mas eu suspeito que vai se sentir muito desconfortável por viver em um edifício construído pelos Papas do Renascimento".

O padre Thompson concluiu que "se há alguma coisa sobre a vida inteira do Papa Francisco que se ressalta, é a sua tentativa de colocar-se a serviço dos outros, e que também se expressa em sua vida de simplicidade".

segunda-feira, 25 de março de 2013

O Amor dos Papas


"Vinde a mim, vós todos que estais aflitos sob o fardo, e eu vos aliviarei".

 (Mt 11,28)

 


“Apresentaram-lhe então crianças para que as tocasse; mas os discípulos repreendiam os que as apresentavam. Vendo-o, Jesus indignou-se e disse-lhes: Deixai vir a mim os pequequinos e não os impeçais, porque o Reino de Deus é daqueles que se lhes assemelham. Em verdade vos digo: todo o que não receber o Reino de Deus com a mentalidade de uma criança, nele não entrará. Em seguida, ele as abraçou e as abençoou, impondo-lhes as mãos.”
(Mc 10, 13-16)

Ordem dos Cartuxos


A ORIGEM

Um chamado : São Bruno

« Para louvor da glória de Deus, Cristo, palavra do Pai por mediação do Espírito Santo, elegeu desde o princípio alguns homens, a quem levou à solidão para uní-los a si em íntimo amor. Seguindo esta vocação, o Maestro Bruno entrou com seis colegas no deserto de Cartuxa e se instalou ali. »

Quem era Bruno ?

Nasceu em Colônia por volta do ano de 1030 e chegou, sendo ainda jovem, a estudar na escola catedralícia de Reins. Adquirido o grau de doutor e nomeado Cônego do Capítulo da catedral, foi designado em 1056 escolaster, isto é, Reitor da Universidade. Foi um dos maestros mais renomeados de seu tempo : « …um homem prudente, de palavra profunda ».
Bruno encontra-se cada vez menos a vontade numa cidade onde não escasseiam os motivos de escândalo por parte do alto clero e inclusive mesmo do Arcebispo. Depois de ter lutado com sucesso contra estes problemas, Bruno experimenta o desejo de uma vida mais entregue exclusivamente a Deus..

Depois de uma experiência de vida solitária de breve duração, chegou à região de Grenoble onde o bispo, o futuro São Hugo, ofereceu-lhe um lugar solitário nas montanhas de sua diocese. No mês de junho de 1084 o mesmo bispo conduziu Bruno e seus seis colegas ao deserto do maciço montanhoso de Chartreuse (Cartuxa) que dará seu nome à Ordem. Ali constroem seu eremitério formado com algumas casinhas de madeira que se abrem a uma galeria, que permite aceder sem sofrer demasiado pela intempérie do tempo aos lugares de vida comunitária : A igreja, o refeitório e o Capítulo.

Depois de seis anos de aprazível vida solitária, Bruno foi chamado pelo Papa Urbano II (que fora seu aluno em seu tempo de maestro) ao serviço da Sede Apostólica. Crendo sua novel comunidade que não poderia continuar sem ele, sua Comunidade pensou primeiramente em separar-se, mas finalmente se deixou convencer por continuar a vida na qual tinham sido formados. Conselheiro do Papa, Bruno não se sentia à vontade na Corte Pontifícia. Ele permaneceu somente uns meses em Roma. Com a aprovação do Papa fundou um novo eremitério nos bosques da Calábria, ao sul da Itália, com alguns novos colegas. Ali faleceu a seis de outubro do ano de 1101.

Um depoimento de um de seus irmãos da Calábria :

« Por muitos motivos merece Bruno ser louvado, mas sobretudo por um: Foi um homem de caráter sempre igual (estável). De rosto sempre alegre, e a palavra modesta. Juntava à autoridade dum pai a ternura de uma mãe. Ante ninguém fez ostentação de grandeza, senão que se mostrou sempre manso como um cordeiro. Foi nesta vida, o verdadeiro israelita. »

A primeira Regra : Guigo

« A instâncias de outros eremitérios fundados a imitação de Cartuxa, Guigo, quinto Prior de Cartuxa pôs por escrito a norma de seu propósito (as "Costumes", ou usos de Cartuxa, para 1127) que todos se comprometeram a seguir e imitar como regra de sua observância e como vínculo de caridade da nascente família. »

Depois que uma avalanche destruiu o eremitério em 1132 sepultando sete monges, o Prior Guigo construiu o eremitério na localização que está até hoje na Grande Cartuxa.

O nascimento da Ordem : Santo Antelmo

« …durante o priorato de Antelmo se reuniu o primeiro Capítulo Geral (1140) ao qual se submeteram para sempre todas as casas, junto com a mesma casa de Cartuxa. »

Portanto a partir de 1140 a Ordem dos cartuxos nasceu oficialmente e assim ficou situada entre as grandes instituições monásticas da Idade Média.
As monjas

« Por aquele tempo, as monjas de Prebayón abraçaram também espontaneamente o modo de vida cartusiano. »

A incorporação teve lugar para em 1145 e foi o início do ramo feminino da família cartusiana.

Esta foi a origem da Ordem dos Cartuxos.

Homilia do Santo Padre Francisco na Celebração do Domingo de Ramos

CELEBRAÇÃO DO DOMINGO DE RAMOS
E DA PAIXÃO DO SENHOR
HOMILIA DO SANTO PADRE FRANCISCO
Praça de São Pedro
XXVIII Jornada Mundial da Juventude
Domingo, 24 de março de 2013

1. Jesus entra em Jerusalém. A multidão dos discípulos acompanha-O em festa, os mantos são estendidos diante d’Ele, fala-se dos prodígios que realizou, ergue-se um grito de louvor: «Bendito seja o Rei que vem em nome do Senhor! Paz no céu e glória nas alturas!» (Lc 19, 38).

Multidão, festa, louvor, bênção, paz: respira-se um clima de alegria. Jesus despertou tantas esperanças no coração, especialmente das pessoas humildes, simples, pobres, abandonadas, pessoas que não contam aos olhos do mundo. Soube compreender as misérias humanas, mostrou o rosto misericordioso de Deus e inclinou-Se para curar o corpo e a alma.

Assim é Jesus. Assim é o seu coração, que nos vê a todos, que vê as nossas enfermidades, os nossos pecados. Grande é o amor de Jesus! E entra em Jerusalém assim com este amor que nos vê a todos. É um espetáculo lindo: cheio de luz  a luz do amor de Jesus, do amor do seu coração , de alegria, de festa.

No início da Missa, também nós o reproduzimos. Agitamos os nossos ramos de palmeira. Também nós acolhemos Jesus; também nós manifestamos a alegria de O acompanhar, de O sentir perto de nós, presente em nós e no nosso meio, como um amigo, como um irmão, mas também como rei, isto é, como farol luminoso da nossa vida. Jesus é Deus, mas desceu a caminhar conosco como nosso amigo, como nosso irmão; e aqui nos ilumina ao longo do caminho. E assim hoje O acolhemos. E aqui temos a primeira palavra que vos queria dizer: alegria! Nunca sejais homens e mulheres tristes: um cristão não o pode ser jamais! Nunca vos deixeis invadir pelo desânimo! A nossa alegria não nasce do facto de possuirmos muitas coisas, mas de termos encontrado uma Pessoa: Jesus, que está no meio de nós; nasce do fato de sabermos que, com Ele, nunca estamos sozinhos, mesmo nos momentos difíceis, mesmo quando o caminho da vida é confrontado com problemas e obstáculos que parecem insuperáveis… e há tantos! E nestes momentos vem o inimigo, vem o diabo, muitas vezes disfarçado de anjo, e insidiosamente nos diz a sua palavra. Não o escuteis! Sigamos Jesus! Nós acompanhamos, seguimos Jesus, mas sobretudo sabemos que Ele nos acompanha e nos carrega aos seus ombros: aqui está a nossa alegria, a esperança que devemos levar a este nosso mundo. E, por favor, não deixeis que vos roubem a esperança! Não deixeis roubar a esperança… aquela que nos dá Jesus!
 
2. Segunda palavra. Para que entra Jesus em Jerusalém? Ou talvez melhor: Como entra Jesus em Jerusalém? A multidão aclama-O como Rei. E Ele não Se opõe, não a manda calar (cf. Lc 19, 39-40). Mas, que tipo de Rei seria Jesus? Vejamo-Lo… Monta um jumentinho, não tem uma corte como séquito, nem está rodeado de um exército como símbolo de força. Quem O acolhe são pessoas humildes, simples, que possuem um sentido para ver em Jesus algo mais; têm o sentido da fé que diz: Este é o Salvador. Jesus não entra na Cidade Santa, para receber as honras reservadas aos reis terrenos, a quem tem poder, a quem domina; entra para ser flagelado, insultado e ultrajado, como preanuncia Isaías na Primeira Leitura  (cf. Is 50, 6); entra para receber uma coroa de espinhos, uma cana, um manto de púrpura (a sua realeza será objeto de ludíbrio); entra para subir ao Calvário carregado com um madeiro. E aqui temos a segunda palavra: Cruz. Jesus entra em Jerusalém para morrer na Cruz. E é precisamente aqui que refulge o seu ser Rei segundo Deus: o seu trono real é o madeiro da Cruz! Vem-me à mente aquilo que Bento XVI dizia aos Cardeais: Vós sois príncipes, mas de um Rei crucificado. Tal é o trono de Jesus. Jesus toma-o sobre Si… Porquê a Cruz? Porque Jesus toma sobre Si o mal, a sujeira, o pecado do mundo, incluindo o nosso pecado, o pecado de todos nós, e lava-o; lava-o com o seu sangue, com a misericórdia, com o amor de Deus. Olhemos ao nosso redor… Tantas feridas infligidas pelo mal à humanidade: guerras, violências, conflitos econômicos que atingem quem é mais fraco, sede de dinheiro, que depois ninguém pode levar consigo, terá de o deixar. A minha avó dizia-nos (éramos nós meninos): a mortalha não tem bolsos. Amor ao dinheiro, poder, corrupção, divisões, crimes contra a vida humana e contra a criação! E também – como bem o sabe e conhece cada um de nós - os nossos pecados pessoais: as faltas de amor e respeito para com Deus, com o próximo e com a criação inteira. E na cruz, Jesus sente todo o peso do mal e, com a força do amor de Deus, vence-o, derrota-o na sua ressurreição. Este é o bem que Jesus realiza por todos nós sobre o trono da Cruz. Abraçada com amor, a cruz de Cristo nunca leva à tristeza, mas à alegria, à alegria de sermos salvos e de realizarmos um bocadinho daquilo que Ele fez no dia da sua morte.
 
3. Hoje, nesta Praça, há tantos jovens. Desde há 28 anos que o Domingo de Ramos é a Jornada da Juventude! E aqui aparece a terceira palavra: jovens! Queridos jovens, vi-vos quando entráveis em procissão; imagino-vos fazendo festa ao redor de Jesus, agitando os ramos de oliveira; imagino-vos gritando o seu nome e expressando a vossa alegria por estardes com Ele! Vós tendes um parte importante na festa da fé! Vós trazeis-nos a alegria da fé e dizeis-nos que devemos viver a fé com um coração jovem, sempre: um coração jovem, mesmo aos setenta, oitenta anos! Coração jovem! Com Cristo, o coração nunca envelhece. Entretanto todos sabemos – e bem o sabeis vós – que o Rei que seguimos e nos acompanha, é muito especial: é um Rei que ama até à cruz e nos ensina a servir, a amar. E vós não tendes vergonha da sua Cruz; antes, abraçai-la, porque compreendestes que é no dom de si, no dom de si, no sair de si mesmo, que se alcança a verdadeira alegria e que com o amor de Deus Ele venceu o mal. Vós levais a Cruz peregrina por todos os continentes, pelas estradas do mundo. Levai-la, correspondendo ao convite de Jesus: «Ide e fazei discípulos entre as nações» (cf. Mt 28, 19), que é o tema da Jornada da Juventude deste ano. Levai-la para dizer a todos que, na cruz, Jesus abateu o muro da inimizade, que separa os homens e os povos, e trouxe a reconciliação e a paz. Queridos amigos, na esteira do Beato João Paulo II e de Bento XVI, também eu, desde hoje, me ponho a caminho convosco. Já estamos perto da próxima etapa desta grande peregrinação da Cruz. Olho com alegria para o próximo mês de Julho, no Rio de Janeiro. Vinde! Encontramo-nos naquela grande cidade do Brasil! Preparai-vos bem, sobretudo espiritualmente, nas vossas comunidades, para que o referido Encontro seja um sinal de fé para o mundo inteiro. Os jovens devem dizer ao mundo: é bom seguir Jesus; é bom andar com Jesus; é boa a mensagem de Jesus; é bom sair de nós mesmos para levar Jesus às periferias do mundo e da existência. Três palavras: alegria, cruz, jovens.


Peçamos a intercessão da Virgem Maria. Que Ela nos ensine a alegria do encontro com Cristo, o amor com que O devemos contemplar ao pé da cruz, o entusiasmo do coração jovem com que O devemos seguir nesta Semana Santa e por toda a nossa vida. Assim seja.


© Copyright 2013 - Libreria Editrice Vaticana


sábado, 23 de março de 2013

Histórico encontro entre Papa Francisco e Bento XVI: "Somos irmãos"


Maiores informações - 2013-03-23 Rádio Vaticana

Castel Gandolfo (RV) - O Papa Francisco encontrou-se neste sábado, 23, pela primeira vez com seu predecessor, o Papa emérito, Bento XVI, em Castel Gandolfo, nas proximidades de Roma. Ao meio-dia Francisco se dirigiu de helicóptero à pequena cidade para o encontro com o Papa emérito onde almoçaram juntos num fato sem precedentes na história da Igreja.

Após um voo de 20 minutos o Papa Francisco aterrissou no heliporto das Vilas Pontifícias de Castel Gandolfo, acolhido pelo Papa emérito Bento XVI. Presentes também o Bispo de Albano, Dom Marcello Semeraro e Saverio Petrillo, Diretor das Vilas Pontifícias e Dom Georg Gänswein. Papa Francisco e Bento XVI utilizaram o mesmo automóvel para chegar até a Residência Pontifícia.

Segundo o Diretor da Sala de Imprensa da Santa Sé, Padre Federico Lombardi, o helicóptero papal aterrissou às 12h15, hora de Roma. O Santo Padre estava acompanhado pelo Substituto da Secretaria de Estado, Dom Becciu, por Mons. Sapienza e por Mons. Alfred Xuereb.
 

Apenas o Papa tocou terra, Bento XVI se aproximou dele e houve um abraço belíssimo entre os dois, disse Pe. Lombardi. Na Residência Apostólica os dois protagonistas deste histórico encontro foram até o apartamento e imediatamente à capela para um momento de oração.
 

Na capela, o Papa emérito ofereceu o lugar de honra a Papa Francisco, mas esse disse: “Somos irmãos”, e pediu que se ajoelhassem juntos no mesmo banco, contou Pe. Lombardi. Após um breve momento de oração, se dirigiram para a Biblioteca privada, e por volta das 12h30, teve início o encontro reservado que durou cerca de 45 minutos.

Padre Lombardi destacou ainda que o Papa emérito estava vestindo uma simples batina branca, sem faixa e sem capa; ao invés Papa Francisco usou uma batina branca com faixa e capa.

Presentes ainda no almoço os dois secretários, portanto, Dom Georg e Mons. Xuereb.

Padre Lombardi referiu também que Papa Francisco presenteou Bento XVI com um ícone de Nossa Senhora da Humildade. O Santo Padre explicou a Bento XVI que “esta Nossa Senhora é a da Humildade, e eu pensei no senhor e quis dar-lhe um presente pelos muitos exemplos de humildade que nos deu durante o seu Pontificado”, destacou Papa Francisco.

Desde o dia 28 de fevereiro, Bento XVI reside neste local, onde acompanhou a eleição do Cardeal Bergoglio como Sumo Pontífice, e aguarda o fim das reformas no mosteiro Mater Ecclesiae dentro do Vaticano.

Papa Francisco, nos seus discursos, tem manifestado palavras de afeto a Bento XVI, chamando-o, seguidamente de “meu Predecessor, o querido e venerado Papa Bento XVI”.

Já na sua primeira aparição no balcão central da Basílica de São Pedro disse “Rezemos pelo nosso Bispo emérito Bento XVI. Rezemos todos juntos por ele, para que o Senhor o abençoe e a Virgem Maria o proteja”.

Após o almoço Papa Francisco retornou ao Vaticano. (SP)

Encontro Histórico dos dois Papas

Fotos do Santo Padre Francisco e nosso amado Bento XVI







O encontro tão esperado



O Papa Francisco está em Castelgandolfo reunido com Bento XVI Papa Francisco tendo partido do Vaticano, em helicóptero pelas 11.50h, horário italiano. Foi recebido por Bento XVI, saudaram-se calorosamente e recolheram-se no Palácio primeiramente para uma oração onde por expressa vontade do Papa Francisco se ajoelharam lado a lado. Segundo o Padre Lombardi, diretor da sala de imprensa da Santa Sé o Papa Francisco terá dito: “somos irmãos”. Assim, estiveram os dois juntos de joelhos em oração. Depois reuniram-se num encontro privado. No início da reunião o Papa Francisco ofereceu um ícone ao Papa Emérito. Trata-se da Nossa Senhora da Humildade, tendo o Papa Francisco explicado que se tratava de uma forma de agradecer todos os exemplos de humildade que Bento XVI nos deu durante o seu pontificado. Não está prevista qualquer saudação aos muito fieis que encontram em Castelgandolfo. O regresso a Roma está previsto para depois do almoço.

Papa Francisco, nos seus discursos, tem manifestado palavras de afeto a Bento XVI, chamando-o de “meu Predecessor, o querido e venerado Papa Bento XVI”. Na sua primeira aparição na varanda central da Basílica de São Pedro disse “Rezemos pelo nosso Bispo emérito Bento XVI. Rezemos todos juntos por ele, para que o Senhor o abençoe e a Virgem Maria o proteja”. Na audiência que concedeu aos Cardeais em 15 de março, o Santo Padre sublinhou que Bento XVI “enriqueceu a Igreja com seu Magistério de fé, humildade e docilidade” e destacou seu “gesto valoroso e humilde”, ao renunciar. Também no encontro com os jornalistas, no sábado, 16, Bento XVI foi lembrado e na missa de início de pontificado, dia 19, disse que era uma coincidência “muito rica e significativa” que esta se realizasse no onomástico de “meu venerado predecessor, ao qual estamos próximos em oração, cheia de afeto e gratidão”. 

Estes dois Papas marcarão para sempre a História da Igreja e, para além de tantas outras razões e afirmações, há duas que os unirão para sempre. Uma dita em Latim pelo Papa Bento XVI a outra dita em italiano pelo Papa Francisco. Uma de coragem e humildade dita pelo Papa alemão, a outra de agradecimento e oração dita pelo Papa argentino. Ouçamos e guardemos no nosso álbum de memórias…

sexta-feira, 22 de março de 2013

Ditadura do relativismo é a pobreza espiritual dos nossos dias, diz o Papa Francisco



ENCONTRO COM O CORPO DIPLOMÁTICO
 ACREDITADO JUNTO DA SANTA SÉ
DISCURSO DO SANTO PADRE FRANCISCO
Sala Régia
Sexta-feira, 22 de março de 2013

Excelências,
Senhoras e Senhores,

De coração agradeço ao vosso Decano, Embaixador Jean-Claude Michel, as amáveis palavras que me dirigiu em nome de todos e com alegria vos recebo para uma simples, mas ao mesmo tempo intensa, troca de cumprimentos, que, idealmente, pretende ser o abraço do Papa ao mundo. Na realidade, por vosso intermédio, encontro os vossos povos e deste modo posso, em certa medida, alcançar cada um dos vossos concidadãos com suas alegrias, dramas, expectativas e desejos.

A vossa presença, numerosa, é também um sinal de que as relações que os vossos países mantêm com a Santa Sé são profícuas, são verdadeiramente uma ocasião de bem para a humanidade. Na verdade, é isto mesmo o que a Santa Sé tem a peito: o bem de todo o homem que vive nesta terra. E é precisamente com este entendimento que o Bispo de Roma começa o seu ministério, sabendo que pode contar com a amizade e benevolência dos países que representais, e na certeza de que compartilhais tal propósito. Ao mesmo tempo, espero que se revele também ocasião para iniciar um caminho com os poucos países que ainda não têm relações diplomáticas com a Santa Sé, alguns dos quais – de coração lhes agradeço – quiseram estar presentes na Missa de início do meu ministério ou enviaram mensagens como gesto de proximidade.

Como sabeis, há vários motivos que, ao escolher o meu nome, me levaram a pensar em Francisco de Assis, uma figura bem conhecida mesmo além das fronteiras da Itália e da Europa, inclusive entre os que não professam a fé católica. Um dos primeiros é o amor que Francisco tinha pelos pobres. Ainda há tantos pobres no mundo! E tanto sofrimento passam estas pessoas! A exemplo de Francisco de Assis, a Igreja tem procurado, sempre e em todos os cantos da terra, cuidar e defender quem passa indigência e penso que podereis constatar, em muitos dos vossos países, a obra generosa dos cristãos que se empenham na ajuda aos doentes, aos órfãos, aos sem-abrigo e a quantos são marginalizados, e deste modo trabalham para construir sociedades mais humanas e mais justas.

Mas há ainda outra pobreza: é a pobreza espiritual dos nossos dias, que afeta gravemente também os países considerados mais ricos. É aquilo que o meu Predecessor, o amado e venerado Bento XVI, chama a «ditadura do relativismo», que deixa cada um como medida de si mesmo, colocando em perigo a convivência entre os homens. E assim chego à segunda razão do meu nome. Francisco de Assis diz-nos: trabalhai por edificar a paz. Mas, sem a verdade, não há verdadeira paz. Não pode haver verdadeira paz, se cada um é a medida de si mesmo, se cada um pode reivindicar sempre e só os direitos próprios, sem se importar ao mesmo tempo do bem dos outros, do bem de todos, a começar da natureza comum a todos os seres humanos nesta terra.

Um dos títulos do Bispo de Roma é Pontífice, isto é, aquele que constrói pontes, com Deus e entre os homens. Desejo precisamente que o diálogo entre nós ajude a construir pontes entre todos os homens, de tal modo que cada um possa encontrar no outro, não um inimigo nem um concorrente, mas um irmão que se deve acolher e abraçar. Além disso, as minhas próprias origens impelem-me a trabalhar por construir pontes. Na verdade, como sabeis, a minha família é de origem italiana; e assim está sempre vivo em mim este diálogo entre lugares e culturas distantes, entre um extremo do mundo e o outro, atualmente cada vez mais próximos, interdependentes e necessitados de se encontrarem e criarem espaços efetivos de autêntica fraternidade.

Neste trabalho, é fundamental também o papel da religião. Com efeito, não se podem construir pontes entre os homens, esquecendo Deus; e vice-versa: não se podem viver verdadeiras ligações com Deus, ignorando os outros. Por isso, é importante intensificar o diálogo entre as diversas religiões; penso, antes de tudo, ao diálogo com o Islã. Muito apreciei a presença, durante a Missa de início do meu ministério, de tantas autoridades civis e religiosas do mundo islâmico. E é também importante intensificar o diálogo com os não crentes, para que jamais prevaleçam as diferenças que separam e ferem, mas, embora na diversidade, triunfe o desejo de construir verdadeiros laços de amizade entre todos os povos.

Lutar contra a pobreza, tanto material como espiritual, edificar a paz e construir pontes: são como que os pontos de referimento para um caminho que devemos percorrer, desejando convidar cada um dos países que representais a tomar parte nele. Um caminho que será difícil, se não aprendermos a amar cada vez mais esta nossa terra. Também neste caso me serve de inspiração o nome de Francisco: ele ensina-nos um respeito profundo por toda a criação, ensina-nos a guardar este nosso meio ambiente, que muitas vezes não usamos para o bem, mas desfrutamos com avidez e prejudicando um ao outro.

Queridos Embaixadores, Senhoras e Senhores,

Novamente obrigado por todo o trabalho que realizais, juntamente com a Secretaria de Estado, para edificar a paz e construir pontes de amizade e fraternidade. Por vosso intermédio, desejo renovar aos vossos Governos o meu agradecimento pela sua participação nas celebrações por ocasião da minha eleição, com votos de um frutuoso trabalho comum. O Senhor Todo-Poderoso cumule com os seus dons a cada um de vós, às vossas famílias e aos povos que representais.
  
© Copyright 2013 - Libreria Editrice Vaticana

Cardeal que anunciou o "Habemus Papam!" luta contra o Parkinso



Cardena Jean Louis Tauran fazendo o anúncio do "Habemus Papam!"
ROMA, 22 Mar. 13 / 11:50 am (ACI).- O Cardeal proto diácono francês, Jean Louis Tauran, encarregado de anunciar a eleição do Papa Francisco no Conclave, teve que realizar esta tarefa lutando contra o Parkinson que padece desde 2012.

As centenas de milhares de pessoas que abarrotavam a Praça de São Pedro ou seguiam o anúncio pelos meios de comunicação foram testemunhas das dificuldades com as que o Cardeal Tauran anunciava a eleição do Papa Francisco.

A causa é a enfermidade de Parkinson que o Cardeal Tauran sofre e que deteriorou seu aspecto físico nos últimos tempos.

O primeiro sinal da enfermidade foi detectado em abril de 2012, enquanto concelebrava a Missa do Domingo de Páscoa com Bento XVI. O Cardeal desmaiou e teve que ser ajudado para abandonar o altar e descansar.

O Cardeal se sentou junto ao altar e permaneceu ali toda a Missa. Nessa oportunidade do pensou-se que tinha sido produzido pelo forte calor na Praça de São Pedro. Posteriormente souberam que a razão era a enfermidade de Parkinson.

O Cardeal Tauran nasceu em Bordeaux, França. Fala espanhol, inglês e italiano e é membro do corpo diplomático do Vaticano desde 1975. Preside o Pontifício Conselho para o Diálogo Inter-religioso e é o principal encarregado das relações da Santa Sé com os muçulmanos.

quinta-feira, 21 de março de 2013

Na Basílica de São Pedro: confirmada Missa Tridentina Solene na Peregrinação Summorum Pontificum em outubro


Sob a autoridade do Santo Padre Francisco, a Santa Missa no rito Tridentino será novamente celebrada solenemente em Roma.
 
Fonte da tradução: Missa Tridentina em Brasília
Notícia de: Riposte Catholique

Uma feliz notícia: o Cœtus Internationalis Summorum Pontificum anuncia uma segunda edição da peregrinação à Roma do “povo Summorum Pontificum”, em outubro, e a celebração de uma missa pontifical na Basílica de São Pedro  por ocasião da véspera da festa de Cristo Rei. Veja o comunicado do CISP:

O “povo Summorum Pontificum” de volta à Roma para a conclusão do Ano da Fé

 O Cœtus Internationalis Summorum Pontificum (CISP) tem a alegria de anunciar que concluirá o Ano da Fé como começou: por uma peregrinação Ad Petri Sedem.

Depois do sucesso espiritual da peregrinação de 2012, o “povo Summorum Pontificum” se reencontrará em Roma para testemunhar a eterna juventude da liturgia tradicional sobre o Túmulo do Apóstolo. O CISP quer assim participar na harmonia e edificação da Igreja universal, na docilidade à ação do Espírito Santo.

Para responder ao encorajamento a “seguir adelante” – do Cardeal Cañizares Llovera, Prefeito da Congregação para o Culto Divino, na ocasião da peregrinação de novembro – o CISP tinha solicitado, no início deste ano, a disponibilidade da Basílica de São Pedro ao seu Arcipreste, o Cardeal Angelo Comastri. Neste 14 de março, o Cardeal Comastri confirmou a disponibilidade da basílica no sábado 26 de outubro próximo, às 11 horas, para a celebração solene que será o ponto alto da peregrinação.

O Cœtus Internationalis Summorum Pontificum agradece ao Cardeal Comastri pela sua hospitalidade e convida todos os grupos ligados à forma extraordinária do rito romano a se preparar desde já pela oração pela peregrinação e se associar ativamente à sua organização.

Foto Oficial do Santo Padre Francisco



Diretor Geral - Nós mostramos aqui a primeira foto oficial do nosso Santo Padre Francisco. Na parte inferior podemos ver sua assinatura. Que viva e reine nosso doce Cristo na terra. 

O Papa Francisco celebrará a Missa da Ceia do Senhor de Quinta-Feira Santa, dia 28, no Instituto Penal para Menores de Casal del Marmo em Roma


Esta manhã a Santa Sé informou através de comunicado que o Papa Francisco celebrará a Missa da Ceia do Senhor de Quinta-Feira Santa, dia 28, no Instituto Penal para Menores de Casal del Marmo em Roma pelas 17.30h. O comunicado informa ainda que, sendo esta celebração um memorial da Última Ceia de Jesus é caracterizada pelo anúncio do Mandamento do Amor e do gesto do Lava-Pés. Enquanto Arcebispo de Buenos Aires o então Cardeal Bergoglio celebrava esta missa numa prisão, num hospital ou numa casa de acolhimento de pessoas pobres e marginalizadas. Com a celebração do Instituto Penal de Casal del Marmo o Papa Francisco mantêm este hábito caracterizado de enorme simplicidade.

Entretanto, as celebrações pascais da Semana Santa decorrerão normalmente como oportunamente noticiaremos com maior pormenor. Para já, podemos informar que no início do Tríduo Pascal o Papa Francisco na manhã de Quinta-Feira Santa, dia 28, celebrará na Basílica de São Pedro a tradicional Missa Crismal.

terça-feira, 19 de março de 2013

Glorioso São Jose, Qui minor est inter vos, hic major est.


Ele que é o menor entre vós, aqui é o maior. Luc 22, 26

A doutrina segundo a qual São José é o maior dos santos depois da Virgem Maria tende a tornar-se uma doutrina comumente aceita na Igreja, que não teme declarar o humilde carpinteiro superior em graça e em beatitude aos patriarcas, a Moisés, aos maiores dos profetas, a São João Batista, e também aos apóstolos, a São Pedro, a São João, a São Paulo, e por mais forte razão superior em santidade aos maiores mártires e aos maiores doutores da Igreja. O menor, por sua profunda humildade, é em razão da conexão das virtudes, o maior pela elevação da caridade: “Qui minor est inter vos, hic major est” (Luc. IX, 48). [...]

[Essa doutrina] recebeu a aprovação de Leão XIII na encíclicaQuanquam pluries, de agosto de 1899, escrita para proclamar o patrocínio de São José sobre a Igreja universal. Ele diz: “Certamente a dignidade da Mãe de Deus é tão alta que nada pôde ser criado acima dela. No entanto, como José foi unido à bem-aventurada Virgem pelo laço conjugal, não se pode duvidar que ele se tenha aproximado, mais do que ninguém, dessa dignidade supereminente pela qual a Mãe de Deus ultrapassa tanto todas as naturezas criadas. A união conjugal é, com efeito, a maior de todas; em razão de sua própria natureza, ela acompanha-se da comunicação recíproca dos bens dos dois esposos. Se, pois, Deus deu à Virgem José como esposo, certamente não somente o deu como apoio na vida, como testemunho de sua virgindade, guarda de sua honra, mas o fez também participar, pelo laço conjugal, da eminente dignidade que ela recebeu”. [...]

Tendo Leão XIII afirmado que São José se aproximou mais do que ninguém da dignidade supereminente da Mãe de Deus, segue-se que, na glória, ele está acima de todos os anjos? Não o poderíamos afirmar com certeza; contentemo-nos em exprimir a doutrina cada vez mais aceita pela Igreja, dizendo: De todos os santos, José é o mais elevado no céu depois de Jesus e Maria; ele está entre os anjos e os arcanjos. [...] A perfeição consiste em fazer aquilo que Deus quer, cada um segundo a sua vocação; mas no silêncio e na obscuridade a vocação de José ultrapassa a vocação dos apóstolos, porque toca mais de perto o mistério da Encarnação redentora. José, depois de Maria, foi quem esteve mais próximo do autor da graça, e, no silêncio de Belém, durante a estada no Egito e na casinha de Nazaré, recebeu mais graça do que nenhum outro santo jamais recebeu.

Pe. Reginald Garrigou-Lagrange O.P

Belíssimo Gesto do Servo dos Servos.

Papa desce do papamóvel para saudar um enfermo.


Homilia do Papa Francisco para o Início do Ministério Petrino



SANTA MISSA
IMPOSIÇÃO DO PÁLIO
E ENTREGA DO ANEL DO PESCADOR 
PARA O INÍCIO DO MINISTÉRIO PETRINO
DO BISPO DE ROMA
HOMILIA DO PAPA FRANCISCO

Praça de São Pedro
Terça-feira, 19 de março de 2013
Solenidade de São José



Queridos irmãos e irmãs!

Agradeço ao Senhor por poder celebrar esta Santa Missa de início do ministério petrino na solenidade de São José, esposo da Virgem Maria e patrono da Igreja universal: é uma coincidência densa de significado e é também o onomástico do meu venerado Predecessor: acompanhamo-lo com a oração, cheia de estima e gratidão.
 Saúdo, com afeto, os Irmãos Cardeais e Bispos, os sacerdotes, os diáconos, os religiosos e as religiosas e todos os fiéis leigos. Agradeço, pela sua presença, aos Representantes das outras Igrejas e Comunidades eclesiais, bem como aos representantes da comunidade judaica e de outras comunidades religiosas. Dirijo a minha cordial saudação aos Chefes de Estado e de Governo, às Delegações oficiais de tantos países do mundo e ao Corpo Diplomático.


Ouvimos ler, no Evangelho, que «José fez como lhe ordenou o anjo do Senhor e recebeu sua esposa» (Mt 1, 24). Nestas palavras, encerra-se já a missão que Deus confia a José: ser custos, guardião. Guardião de quem? De Maria e de Jesus, mas é uma guarda que depois se alarga à Igreja, como sublinhou o Beato João Paulo II: «São José, assim como cuidou com amor de Maria e se dedicou com empenho jubiloso à educação de Jesus Cristo, assim também guarda e protege o seu Corpo místico, a Igreja, da qual a Virgem Santíssima é figura e modelo» (Exort. ap. Redemptoris Custos, 1).


Como realiza José esta guarda? Com discrição, com humildade, no silêncio, mas com uma presença constante e uma fidelidade total, mesmo quando não consegue entender. Desde o casamento com Maria até ao episódio de Jesus, aos doze anos, no templo de Jerusalém, acompanha com solicitude e amor cada momento. Permanece ao lado de Maria, sua esposa, tanto nos momentos serenos como nos momentos difíceis da vida, na ida a Belém para o recenseamento e nas horas ansiosas e felizes do parto; no momento dramático da fuga para o Egito e na busca preocupada do filho no templo; e depois na vida quotidiana da casa de Nazaré, na carpintaria onde ensinou o ofício a Jesus.


Como vive José a sua vocação de guardião de Maria, de Jesus, da Igreja? Numa constante atenção a Deus, aberto aos seus sinais, disponível mais ao projeto d’Ele que ao seu. E isto mesmo é o que Deus pede a David, como ouvimos na primeira Leitura: Deus não deseja uma casa construída pelo homem, mas quer a fidelidade à sua Palavra, ao seu desígnio; e é o próprio Deus que constrói a casa, mas de pedras vivas marcadas pelo seu Espírito. E José é «guardião», porque sabe ouvir a Deus, deixa-se guiar pela sua vontade e, por isso mesmo, se mostra ainda mais sensível com as pessoas que lhe estão confiadas, sabe ler com realismo os acontecimentos, está atento àquilo que o rodeia, e toma as decisões mais sensatas. Nele, queridos amigos, vemos como se responde à vocação de Deus: com disponibilidade e prontidão; mas vemos também qual é o centro da vocação cristã: Cristo. Guardemos Cristo na nossa vida, para guardar os outros, para guardar a criação!


Entretanto a vocação de guardião não diz respeito apenas a nós, cristãos, mas tem uma dimensão antecedente, que é simplesmente humana e diz respeito a todos: é a de guardar a criação inteira, a beleza da criação, como se diz no livro de Génesis e nos mostrou São Francisco de Assis: é ter respeito por toda a criatura de Deus e pelo ambiente onde vivemos. É guardar as pessoas, cuidar carinhosamente de todas elas e cada uma, especialmente das crianças, dos idosos, daqueles que são mais frágeis e que muitas vezes estão na periferia do nosso coração. É cuidar uns dos outros na família: os esposos guardam-se reciprocamente, depois, como pais, cuidam dos filhos, e, com o passar do tempo, os próprios filhos tornam-se guardiões dos pais. É viver com sinceridade as amizades, que são um mútuo guardar-se na intimidade, no respeito e no bem. Fundamentalmente tudo está confiado à guarda do homem, e é uma responsabilidade que nos diz respeito a todos. Sede guardiões dos dons de Deus!


E quando o homem falha nesta responsabilidade, quando não cuidamos da criação e dos irmãos, então encontra lugar a destruição e o coração fica ressequido. Infelizmente, em cada época da história, existem «Herodes» que tramam desígnios de morte, destroem e deturpam o rosto do homem e da mulher. 


Queria pedir, por favor, a quantos ocupam cargos de responsabilidade em âmbito econômico, político ou social, a todos os homens e mulheres de boa vontade: sejamos «guardiões» da criação, do desígnio de Deus inscrito na natureza, guardiões do outro, do ambiente; não deixemos que sinais de destruição e morte acompanhem o caminho deste nosso mundo! Mas, para «guardar», devemos também cuidar de nós mesmos. Lembremo-nos de que o ódio, a inveja, o orgulho sujam a vida; então guardar quer dizer vigiar sobre os nossos sentimentos, o nosso coração, porque é dele que saem as boas intenções e as más: aquelas que edificam e as que destroem. Não devemos ter medo de bondade, ou mesmo de ternura.


A propósito, deixai-me acrescentar mais uma observação: cuidar, guardar requer bondade, requer ser praticado com ternura. Nos Evangelhos, São José aparece como um homem forte, corajoso, trabalhador, mas, no seu íntimo, sobressai uma grande ternura, que não é a virtude dos fracos, antes pelo contrário denota fortaleza de ânimo e capacidade de solicitude, de compaixão, de verdadeira abertura ao outro, de amor. Não devemos ter medo da bondade, da ternura!


Hoje, juntamente com a festa de São José, celebramos o início do ministério do novo Bispo de Roma, Sucessor de Pedro, que inclui também um poder. É certo que Jesus Cristo deu um poder a Pedro, mas de que poder se trata? À tríplice pergunta de Jesus a Pedro sobre o amor, segue-se o tríplice convite: apascenta os meus cordeiros, apascenta as minhas ovelhas. Não esqueçamos jamais que o verdadeiro poder é o serviço, e que o próprio Papa, para exercer o poder, deve entrar sempre mais naquele serviço que tem o seu vértice luminoso na Cruz; deve olhar para o serviço humilde, concreto, rico de fé, de São José e, como ele, abrir os braços para guardar todo o Povo de Deus e acolher, com afeto e ternura, a humanidade inteira, especialmente os mais pobres, os mais fracos, os mais pequeninos, aqueles que Mateus descreve no Juízo final sobre a caridade: quem tem fome, sede, é estrangeiro, está nu, doente, na prisão (cf. Mt 25, 31-46). Apenas aqueles que servem com amor capaz de proteger.


Na segunda Leitura, São Paulo fala de Abraão, que acreditou «com uma esperança, para além do que se podia esperar» (Rm 4, 18). Com uma esperança, para além do que se podia esperar! Também hoje, perante tantos pedaços de céu cinzento, há necessidade de ver a luz da esperança e de darmos nós mesmos esperança. Guardar a criação, cada homem e cada mulher, com um olhar de ternura e amor, é abrir o horizonte da esperança, é abrir um rasgo de luz no meio de tantas nuvens, é levar o calor da esperança! E, para o crente, para nós cristãos, como Abraão, como São José, a esperança que levamos tem o horizonte de Deus que nos foi aberto em Cristo, está fundada sobre a rocha que é Deus.


Guardar Jesus com Maria, guardar a criação inteira, guardar toda a pessoa, especialmente a mais pobre, guardarmo-nos a nós mesmos: eis um serviço que o Bispo de Roma está chamado a cumprir, mas para o qual todos nós estamos chamados, fazendo resplandecer a estrela da esperança: Guardemos com amor aquilo que Deus nos deu!


Peço a intercessão da Virgem Maria, de São José, de São Pedro e São Paulo, de São Francisco, para que o Espírito Santo acompanhe o meu ministério, e, a todos vós, digo: rezai por mim! Amem.