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domingo, 18 de março de 2012

O Sal da mortificação

S. Josemaria aconselhava uma coisa que ele próprio vivia: pôr “uma cruz em cada prato”, isto é, mortificar-se em todas as refeições: espaçando o beber água, por exemplo, e não fazendo comentários sobre a comida. Servia-se um pouco menos do que lhe apetecia ou um pouco mais daquilo de que não gostava tanto…

Põe, entre os ingredientes da refeição, "o saborosíssimo", da mortificação.
Forja, 783

Dou-te duas razões
A mortificação é de uma importância extraordinária, de todos os pontos de vista.
- Por razões humanas, pois quem não sabe dominar-se a si mesmo nunca influirá positivamente nos outros, e o ambiente vencê-lo-á logo que satisfaça os seus gostos pessoais; será um homem sem energia, incapaz de um esforço grande quando for necessário.
- Por razões divinas: não te parece justo que, com estes pequenos actos, demonstremos o nosso amor e acatamento a Quem tudo deu por nós?
Sulco, 980

E uma terceira…
Temperança é domínio. Nem tudo o que experimentamos no corpo e na alma deve deixar-se à rédea solta. Nem tudo o que se pode fazer se deve fazer. É mais cómodo deixar-se arrastar pelos impulsos a que chamam naturais; mas no fim desse caminho cada um encontra a tristeza, o isolamento na sua própria miséria.
Há pessoas que não querem recusar nada ao estômago, aos olhos, às mãos; recusam-se a ouvir quem as aconselha a viver uma vida limpa. (…) A vida ganha então as perspectivas que a intemperança esbate; ficamos em condições de nos preocuparmos com os outros, de compartilhar com todos o que nos pertence, de nos dedicarmos a tarefas grandes. A temperança torna a alma sóbria, modesta, compreensiva; facilita-lhe um recato natural que é sempre atraente, porque se nota o domínio da inteligência na conduta. A temperança não supõe limitação, mas grandeza. Há muito maior privação na intemperança, porque o coração abdica de si próprio para servir o primeiro que lhe fizer soar aos ouvidos o ruído de uns chocalhos de lata.
Amigos de Deus, 84

Outro motivo para o mesmo esforço
Basta deitar um olhar à nossa volta. Reparai a quantos sacrifícios se submetem de boa ou má vontade, eles e elas, para cuidar do corpo, para defender a saúde, para conseguir a estima alheia... Não seremos nós capazes de nos comover perante esse imenso amor de Deus, tão mal correspondido pela humanidade, mortificando o que tiver de ser mortificado, para que a nossa mente e o nosso coração vivam mais pendentes do Senhor?

Alterou-se de tal forma o sentido cristão em muitas consciências que, ao falar de mortificação e de penitência, se pensa apenas nesses grandes jejuns e cilícios que se mencionam nos admiráveis relatos de algumas biografias de santos. Ao iniciar esta meditação, aceitamos a premissa evidente de que temos de imitar Jesus Cristo, como modelo de conduta. É certo que Ele preparou o começo da sua pregação retirando-se para o deserto, a fim de jejuar durante quarenta dias e quarenta noites, mas antes e depois praticou a virtude da temperança com tanta naturalidade, que os seus inimigos aproveitaram para rotulá-lo caluniosamente de glutão e bebedor de vinho, amigo dos publicanos e dos pecadores. 
Amigos de Deus, 135

A tragédia da manteiga
Líamos - tu e eu - a vida heroicamente vulgar daquele homem de Deus. - E vimo-lo lutar, durante meses e anos (que "contabilidade", a do seu exame particular!), à hora do pequeno almoço: hoje vencia, amanhã era vencido... Apontava: "Não comi manteiga..., comi manteiga!".

Oxalá nós vivamos também - tu e eu - a nossa "tragédia" da manteiga.
Caminho, 205

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