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sábado, 8 de março de 2014

A morte e quais e como devem ser nossas práticas quaresmais - Padre Daniel Pinheiro, IBP



Sermão para a Quarta-Feira de Cinzas
05.03.2014 – Padre Daniel Pinheiro, IBP

Em nome do Pai, e do Filho, e do Espírito Santo. Amém.
Ave Maria…

Estamos hoje na quarta-feira de cinzas, primeiro dia da Quaresma. Dia de jejum e abstinência. Abstinência é não comer carne, obrigando todos os fiéis católicos, a partir dos 14 anos. Jejum é fazer uma refeição normal, em geral o almoço, e duas colações, uma de manhã e uma de tarde, que, juntas, não cheguem a uma refeição normal. E não se deve comer nada entre as refeições. Todos os católicos entre dezoito e sessenta anos estão obrigados ao jejum, a não ser por motivo de saúde, ou por trabalho mais duro, ou uma mulher pela gravidez, por exemplo.

Recomendo muito, prezados católicos, que escolham um bom livro para acompanhá-los durante a quaresma. O livro de Santo Afonso sobre a Paixão, por exemplo, ou as meditações diárias do mesmo santo, a Prática do Amor a Jesus Cristo ainda de Santo Afonso; Filotéia de São Francisco de Sales, ou o Combate Espiritual, do Padre Scupoli, os Exercícios de Perfeição Cristã do Padre Rodrigues, ou uma boa Vida de Cristo. Algo que possa elevar a alma nesse tempo santo.

Memento, homo, quia pulvis est et in pulverem reverteris.” Lembra-te, ó homem, que és pó e que ao pó retornarás.”

É com essa frase que a Igreja quer que nossa fronte seja marcada pelas cinzas. Lembra-te, ó homem, que és pó e que ao pó retornarás. A Igreja, nesse início de Quaresma, coloca diante do homem a sua mortalidade. Ela nos lembra que a morte vem para todos, indistintamente. Essa é a grande certeza de todos os homens: a morte, morreremos um dia. Todavia, a morte certa tem também uma incerteza: não sabemos nem o dia nem a hora. Portanto, caros, católicos, sabemos que iremos morrer, mas não sabemos quando. A grande ilusão é crer que temos ainda muito tempo para nos arrepender, para chorar pelos nossos pecados, para avançar na virtude, para nos converter. Como nos lembra o Livro de Esther em uma das Antífonas de hoje: emendemo-nos para melhor, para que não suceda que, surpreendidos pela morte, procuremos espaço para fazer penitência e não o encontremos. É aqui e agora que devemos nos converter.

O tempo da Quaresma é um tempo de grandes graças, se procuramos vivê-lo bem, isto é, se procuramos realmente nos converter a Deus, para amá-lo e servi-lo como nosso infinito bem que é. Não podemos desperdiçar esse tempo de graça. É preciso aproveitá-lo, para que não suceda que, surpreendidos pela morte, procuremos espaço para nos converter e não o encontremos.

Na Quaresma, prezados católicos, nossas práticas devem ter dois aspectos. Um deles se refere, digamos, ao passado: nossas práticas quaresmais devem ter como finalidade a expiação, a penitência, pelos nossos pecados cometidos. O outro aspecto diz respeito ao presente: nossas práticas quaresmais devem ter como finalidade nosso avanço na virtude, no amor a Deus, no abandono de nossos pecados presentes. A Quaresma é tempo de grandes graças para obter a misericórdia divina, para abandonar o velho homem, para abandonar o nosso pecado habitual, dominante. Assim, prezados católicos, nossas práticas não devem ser simplesmente práticas mais ou menos austeras, mas devem ter por finalidade o pedir perdão a Deus e o avanço no caminho do amor a Deus. Como nos diz o Profeta Joel: Convertei-vos a mim de todo o vosso coração, com jejuns, com lágrimas e com gemidos. É preciso nos converter a Deus de todo o coração, orientando-nos para Ele, inteiramente, colocando-o como o fim de nossas vidas. É preciso nos converter a Deus com jejuns, reparando pelos nossos pecados. É preciso nos converter a Deus com lágrimas e gemidos, isto é, com verdadeiro arrependimento por tê-los cometidos e com o firme propósito de não mais pecar. O tempo da quaresma é um tempo de graça. É tempo de uma boa confissão, sincera, humilde, integral.

Nossas práticas quaresmais, caros católicos, devem ser feitas com humildade. Devemos ter plena consciência de que não são nada diante de Deus e diante do que Lhe é devido, por mais que essas práticas pareçam muito perfeitas. Se nas nossas devoções, se na nossa prática religiosa entra o orgulho, tudo será prejudicado. Devemos, então, ficar atentos, e fazê-las com humildade, como algo que é simplesmente devido a Deus e que é nada diante do que deveríamos fazer por Ele. A recompensa das nossas práticas quaresmais não pode ser a nossa satisfação própria ou o elogio alheio, mas deve ser a vida eterna. Nossas práticas terminarão sendo mais ou menos conhecidas pelas pessoas que nos são próximas, mas devemos sempre endireitar nossa intenção: faço isso para Deus e não para que as outras pessoas me estimem.

A quaresma é um tempo de graça. A primeira graça está nas palavras: Memento, homo, quia pulvis es, et in pulverem reverteris (lembra-te, ó homem, que és pó e que ao pó retornarás). Devemos guardar essas palavras durante toda a nossa vida. Somos pó, e pó é tudo que há sobre a terra. Vamos morrer, caros católicos. Não sabemos quando. É preciso estar pronto. Deus nos dá esse tempo favorável, o tempo da quaresma, tempo em que é extremamente largo em sua misericórdia. Na quaresma, Deus bate de modo particular na porta de nossa alma. A nós, cabe abrir a porta. Cabe-nos abrir a porta pela conversão a Ele, de todo o coração. Cabe-nos abrir essa porta pelas súplicas de nossas orações redobradas durante a quaresma. Cabe-nos abrir essa porta pela prática da virtude. Cabe-nos abrir essa porta pela mortificação. Tendo escolhido nossas práticas quaresmais, mantenhamo-nos firmes. Se falharmos uma vez ou outra, peçamos o auxílio da graça e retomemos nossas resoluções, sem abandoná-las. Abramos a porta ao divino Salvador. Ele não vai bater eternamente.

Em nome do Pai, e do Filho, e do Espírito Santo. Amém.

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