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terça-feira, 5 de novembro de 2013

A Agonia de Jesus, pelo Santo Padre Pio - I Parte

I Parte
A Agonia de Jesus, pelo Santo Padre Pio

Espírito Divino iluminai a minha inteligência, inflamai o meu coração, enquanto medito na Paixão de Jesus. Ajudai-me a penetrar nesse mistério de amor e sofrimento do meu Deus, que, feito homem sofre, agoniza, morre por mim. Ó Eterno, ó Imortal, descei até nós para sofrer um martírio inaudito, a morte infame sobre a cruz no meio dos insultos, de impropérios e ignomínias, a fim de salvar a criatura que O ultrajou e continua a atolar-se na lama do pecado.

O homem saboreia o pecado e, por causa do pecado, Deus está mortalmente triste; os tormentos duma agonia cruel fazem-nO suar sangue!...

Não, não posso penetrar neste oceano de amor e de dor sem a ajuda da Vossa graça, ó meu Deus. Abri-me o acesso à mais íntima profundidade do coração de Jesus, para que eu possa participar da amargura que O conduziu ao Jardim das Oliveiras, até às portas da morte — para que me seja dado consolá-lO no seu extremo abandono. Ah! Pudesse eu unir-me a Cristo, abandonado pelo Pai e por Si próprio, a fim de expirar com Ele!

 Maria, Mãe das Dores, permiti que eu siga Jesus e participe intimamente da Sua Paixão e do Seu sofrimento!

 Meu Anjo da guarda velai para que as minhas faculdades se concentrem todas na agonia de Jesus e nunca mais se desprendam... No termo da Sua vida terrestre, depois de se nos ter inteiramente entregue no Sacramento do Seu amor, o Senhor dirige-se ao Jardim das Oliveiras, conhecido dos discípulos, mas de Judas também. Pelo caminho ensina-os e prepara-os para a Sua Paixão iminente convida-os, por Seu amor, a sofrer calúnias, perseguições até à morte, para os transfigurar à semelhança d'Ele, modelo divino. No momento de começar a Sua Paixão amaríssima, não é n'Ele que pensa; pensa em ti.

 Que abismos de amor não contém o Seu Coração! A Sua Santa Face é toda tristeza, toda ternura. As Suas palavras jorram da profundidade mais íntima do Seu coração, e são todas palpitação de amor.

 — Ó Jesus, o meu coração perturba-se quando penso no amor que Vos obriga a correr ao encontro da Vossa Paixão. Ensinastes-nos que não há amor maior que dar a vida por aqueles a quem se ama. Eis que estais prestes a selar estas palavras com o Vosso exemplo.  No Jardim da Oliveiras, o Mestre afasta-se dos discípulos e só leva três testemunhas da Sua Agonia: Pedro, Tiago e João. Eles, que O viram transfigurado sobre o Tabor, terão força para reconhecer o Homem-Deus neste ser, esmagado pela angústia da morte?

Ao entrar no Jardim disse-lhes: “Ficai aqui! Velai e rezai para não cairdes em tentação. Acautelai-vos, porque o inimigo não dorme. Armai-vos antecipadamente com as armas da oração para não serdes surpreendidos e arrastados para o pecado. É a hora das trevas”. Tendo-os exortado, afastou-se à distância de uma pedrada e prostrou-Se com a face em terra. A sua alma está mergulhada num mar de amargura e extrema aflição.

É tarde. Na lividez da noite agitam-se sombras sinistras. A Lua parece injetada de sangue. O vento agita as árvores e penetra até aos ossos. Toda a natureza como que estremece de secreto pavor! Ó noite, como nunca houve outra semelhante.

Eis o lugar onde Jesus vem orar. Ele despoja a Sua santa Humanidade da força à qual tem direito pela sua união com a Divina Pessoa, e mergulha-a num abismo de tristeza, de angústia, de abjeção. O seu espírito parece submergir-se...   Via antecipadamente toda a sua Paixão.

 Vê Judas, seu apóstolo tão amado, que o vende por alguns dinheiros.

 Ei-lo a caminho de Getsêmani, para o trair e entregar! Todavia, ainda há pouco não o alimentou com a sua carne, não lhe deu a beber o seu sangue? Prostrado diante dele, lavou-lhe os pés, apertou-os contra o coração, beijou-os com os seus lábios. Que não fez ele para o reter à beira do sacrilégio, ou pelo menos para o levar a arrepender-se!

Não!

 Ei-lo que corre para a perdição... Jesus chora. Vê-se arrastado pelas ruas de Jerusalém onde ainda há alguns dias o aclamavam como Messias. Vê-se esbofeteado diante do sumo-sacerdote. Ouve os gritos: À morte! Ele, o autor da vida, é arrastado como um farrapo de um para outro tribunal. O povo, o seu povo tão amado, tão cumulado de bênçãos, vocifera contra Ele, insulta-o, reclama aos gritos a sua morte, e que morte, a morte sobre a cruz. Ouve as suas falsas acusações. Vê-se flagelado, coroado de espinhos, escarnecido, acusado como falso rei.  Vê-se condenado à cruz, subindo ao Calvário, sucumbindo ao peso do madeiro, trêmulo, exausto...  


 Ei-lo chegado ao Calvário, despojado das roupas, estendido sobre a cruz, impiedosamente trespassado pelos pregos, ofegante entre indizíveis torturas... Meu Deus! Que longa agonia de três horas, até sucumbir no meio dos apupos da gentalha, ébria de cólera!

Ei-lO com a garganta e as entranhas, devoradas por sede ardente. Para estancar essa sede, dão-Lhe vinagre e fel. 

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