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segunda-feira, 23 de julho de 2012

O mais eficaz de todos os meios de santificação dados ao sacerdote, é a missa. I Parte

I Parte
Nota do blog: Essa postagem será composta de três partes, desejamos a todos uma piedosa leitura.

Meditações sacerdotais ou
O padre santificado pela oração
Volume I, pelo Pe. Chaignon
versão portuguesa pelo padre
Francisco Luís Seabra
Porto, ano de 1934



Tem-se-nos dito muitas vezes: Sede santos, para merecerdes oferecer dignamente o divino sacrifício; diz-se-nos agora: celebrai-o com toda a devoção de que sois capazes, para alcançardes a perfeição que Deus espera de vós. Consideremos hoje o altar como uma escola, em que Jesus nos dá com os Seus exemplos as mais úteis lições; amanhã meditaremos sobre os prodigiosos socorros que Ele nos oferece.

A santificação para os simples fiéis, reduz-se a dois pontos: Morrer e viver, despojar-se do homem velho e revestir-se do novo (Exploantes vos veterem hominem, et onduentes novum. Coloss. III, 9). O sacerdote deve além disso comunicar às almas a vida sobrenatural e divina, que ele recebeu em Jesus Cristo. Para ele, o santificar-se é morrer, viver, e dar vida, três graus de perfeição sacerdotal, cujo modelo mais belo e perfeito, o Filho de Deus imolado por nosso ministério, nos oferece no altar. Ele ensina-nos:

I - A morrer para o mundo e para nós mesmos.
II - A viver a vida mais santa.
III - A vivificar o próximo com o nosso zelo.

I- Jesus Cristo no altar, modelo de mortificação

Esta virtude custa-nos mais que todas as outras; mas com energia no-la prega o Salvador na celebração dos santos mistérios! A missa é a viva imagem da Paixão. O corpo e o sangue do Homem-Deus, consagrados separadamente e consumados com uma morte mística, os paramentos esmaltados de cruzes, a cruz figurada em todas as cerimônias, a elevação da Vítima pelo sacerdote, que a põe entre o céu e a terra, tal como esteve no Calvário; a paciência e o silêncio deste Cordeiro de Deus, que ali está sem fazer movimento, sem dar sinal de vida: tudo nos recorda no altar as cenas dolorosas de Seu sacrifício cruento. Demais, os indignos tratos e ultrajes não cessaram para Jesus Cristo com a Sua vida mortal; não encontra Ele nos nossos santuários quase todas as cruéis provações da Sua Paixão? A mesma tristeza do Seu Coração, à vista de tantos crimes que se cometem, enquanto Ele Se oferece para reparar a glória de Seu Pai; a mesma frieza, a mesma indiferença, o mesmo abandono da parte daqueles a quem mais encheu de benefícios. Ora Ele tudo tinha previsto, quando instituiu o sacramento do Seu amor: as perseguições futuras tinha-as presentes, assim como as que sofria. A Sua ardente caridade superou todas as repugnâncias: o duplo cálice foi aceito.

E este exemplo de um Deus redentor, não só entregando-Se por nós aos tormentos e à morte, mas também prolongando, perpetuando a Sua Paixão no meio de nós, não será capaz de nos fazer amar a mortificação, ou ao menos de nos suavizar a sua prática? Diante deste pensamento, que é inseparável da celebração dos santos mistérios, ficarei eu sem generosidade e sem energia para me vencer?

Senhor, Vós fizeste-Vos minha Vítima, e eu recusarei ser Vossa vítima? Instituindo o augusto sacrifício e elegendo-me para ser o Seu ministro, sabíeis por quantas tribulações Vos seria necessário passar para chegar até mim; sabíeis quantos ultrajes sacrílegos teríeis de sofrer neste longo espaço de dezoito séculos, e quantos Judas encontraríeis no Vosso caminho: esta horrorosa perspectiva não diminuiu o Vosso amor! E eu nada quererei padecer por Vós? Sacrificastes por mim as Vossas consolações, a Vossa honra, a Vossa liberdade, a Vossa vida; e eu hesitarei em sacrificar-Vos a minha delicadeza, o meu melindre? Consentistes por meu amor em ser cuspido, espezinhado, crucificado; ser desconhecido, insultado até por muitos dos Vossos próprios discípulos, e tudo isto até a consumação dos séculos; e eu queixar-me-ei de que me esqueçam durante alguns dias da minha passageira existência neste mundo?

E desalentar-me-á uma leve ofensa, ou uma momentânea contradição? E continuarei a ser soberbo, sensual e exigente? Semelhante contraste indigna-me contra mim mesmo.

Um padre que se não descuida de meditar na Eucaristia, e que se utiliza das lições que dela recebe, não faz caso dos sofrimentos, qualquer que seja a sua natureza e a sua origem, como os mártires, alimentados com este pão celestial, não faziam caso dos cárceres, dos patíbulos e das fogueiras.

Morre para si mesmo, como lhe foi aconselhado na sua ordenação: Imitamini quod tractatis, quatenus mortis Dominicae mysteriam celebrantes, mortificare membra vestra a vitiis et concupiscentiis omnibus procuretis (Pontif.)

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